segunda-feira, 31 de março de 2014

Capitalismo e sua retratação no cinema

Por Rafaela Bez.

Atualmente, o modelo de economia dominante é o capitalismo, que surgiu no século XIX denominando liberalismo. Esses modelos econômicos visam o lucro sob os seus produtos e serviços, a obtenção da propriedade privada e dos meios de produção e, segundo Karl Marx, a divisão de classes. Atrelado ao capitalismo está o consumo, maneira pela qual o ser humano desfruta de suas necessidades, sendo elas básicas ou desejáveis.
No cinema, o capitalismo e o consumo são muito discutidos, sendo como modo de crítica ou como produto mercadológico, que induz ao consumismo e a obtenção de produtos, os quais são representados nas telas. O filme Margin Call – O Dia Antes do Fim (2011), de J. C. Chandor, retrata o capitalismo partindo do princípio da crítica e reflexão sobre os problemas causados pelo modelo econômico. A trama se inicia com a demissão em massa no banco de investimentos, focando-se no chefe responsável pela gestão de riscos. Eric Dale (Stanley Tucci) preocupa-se com um estudo que planejou sobre as ações irregulares da empresa, repassando suas análises para o jovem Peter Sullivan (Zachary Quinton), engenheiro especialista em propulsão, mas que atua no mercado financeiro. O filme busca retratar, por meio da ficção, momentos críticos pelos quais passaram as instituições financeiras norte-americanas durante a crise de 2008.
 O economista, integrante do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) e membro do corpo docente da Universidade Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Gilberto Faggion ressalva a maneira na qual o capitalismo e o consumo são retratados no cinema. “Em filmes que o capitalismo e o consumo são abordados de maneira crítica, podemos analisar os aspectos técnicos do mesmo. Em filmes como Margin Call (J. C. Chandor – 2011) e Inside Job (Charles Ferguson – 2010), as decisões e debates feitos sobre o tema, geralmente são feitos em ambientes escuros, tenebrosos e sombrios, que de maneira objetivada ou não, induz à ideia de que a ação retrata o momento em que o atual modelo vive: de crise e decadência”, diz.
Comunismo e o socialismo também são abordados, mesmo de maneira menos intensa. Um filme que representa esta maneira de abordagem é o filme “Che (2008)”, do diretor Steven Soderbergh, que conta a história de um jovem médico, Ernesto "Che" Guevara (Benicio Del Toro) e seu irmão Raul (Rodrigo Santoro). Guevara era argentino, que tinha por objetivo ajudar a derrubar o governo ditador de Fulgêncio Batista. Ele se integrou à guerrilha, participando da luta armada em luta pela igualdade e justiça entre os povos.
Sociólogo graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Jonas Jorge da Silva, ressalva a maneira com que os espectadores absorvem o tema capitalismo e consumo nos filmes e, em outras abordagens midiáticas. “A concepção do ser humano através desse tipo de tema é redundante. Da mesma maneira que ele absorve a crítica e define que o consumo exacerbado o prejudica, ele também absorve a indução de produtos retratados pelo cinema, consumindo-os, muitas vezes”. De acordo com a análise social de Silva, o espectador pode adquirir consigo tanto a crítica como a persuasão do tema.

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