segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Colunista de jornal Professora Fabiana Orreda destaca Encontro da REDP



Solidariedade, valor para outro mundo possível

         Fazendeiros do agronegócio no Mato Grosso do Sul jogaram veneno, química homicida, no córrego Ypo'i, em Tekoha Guarani-Kaiowá Ypo'i, em Paranhos. Este fato ocorreu no dia 14 de novembro de 2012 enquanto as crianças e adultos Guarani e Kaiowá estavam tomando banho, e o rio virou uma espuma branca. 

         Deste muito tempo, o mundo também está perplexo com as notícias da Faixa de Gaza e a violência de Israel e aliados contra os Palestinos, intensificadas nesta última semana. Tantas outras guerras amplamente divulgadas pela imprensa. Tantas outras sem alcance mediático. Em uma entrevista publicada recentemente, Nurit Peled-Elhanan, professora e pacifista israelita, apresenta o resultado de sua pesquisa sobre os livros didáticos em Israel como um poderoso instrumento de disseminação do desrespeito, da negação e do rancor aos Palestinos. Alerta que desde a infância as crianças são treinadas ideologicamente para formar um exército apto para matar sem piedade. Ela compara os discursos de invisiblidade e manipulação de conceitos e informações com os mesmos que se usam em materiais didáticos na Europa quando diz respeito aos povos e países da África e América Latina, ou ainda quando se mencionam nestes recursos didáticos os povos tradicionais nestes países.
         Em Irati, também nesta semana, chegou outra família Kaingang, que se alojou no Centro Cultural em obras. As condições de hospedagem não são dignas e desta vez os itinerantes estão compartilhando o espaço ocupado por moradores de rua da cidade. Todos vítimas de exclusão social e genocídio.
         Os três acontecimentos tem grande semelhança, pois o tratamento racista a níveis extremos que se dá aos povos tradicionais aqui no Brasil, na América Latina ou no Oriente Médio é o mesmo, em aspectos conceituais da violência.
         A esperança da humanidade é que há uma tribo de sensibilidade, composta por uma rede de pessoas que muitas vezes não se conhecem, de várias nacionalidades e de distintos campos de trabalho, credos e culturas. É necessário intensificar nossas ações para este outro mundo possível. A demonstração desta construção para o novo mundo possível, ocorreu em Irati no fim de semana de 09 e 10 de novembro com um importante encontro de planejamento de ações do movimento da Economia Solidária e da Rede de Educação Popular do Paraná, reunindo dezenas de pessoas de todo o estado e também do Rio Grande Sul, agroecologistas, artesãos, movimentos de mulheres e educadores populares. As mudanças são responsabilidade de cada um, em atitudes amorosas e solidárias para este grande projeto de ser humano.

Fabiana Anciutti Orreda
Jornal Hoje Centro Sul

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